Redução da Semana de Trabalho:
Um modelo para o sucesso económico empresarial em Portugal?

A economia da Islândia tem superado a maioria dos seus pares europeus desde a introdução de uma semana de trabalho mais curta e sem redução salarial, conforme revela um estudo divulgado recentemente. A experiência islandesa, que permitiu aos trabalhadores optarem por uma semana de quatro dias, levanta a questão: poderá este modelo ser replicado em outros mercados, incluindo o português?

Redução da Semana de Trabalho: Um modelo para o sucesso económico empresarial em Portugal?

A economia da Islândia tem superado a maioria dos seus pares europeus desde a introdução de uma semana de trabalho mais curta e sem redução salarial, conforme revela um estudo divulgado recentemente. A experiência islandesa, que permitiu aos trabalhadores optarem por uma semana de quatro dias, levanta a questão: poderá este modelo ser replicado em outros mercados, incluindo o português?

Impactos económicos e sociais da semana reduzida na Islândia
Entre 2020 e 2022, mais de 51% dos trabalhadores na Islândia passaram a ter a opção de trabalhar menos horas, com muitos a adotar uma semana de quatro dias, segundo dados do Instituto Autonomy, no Reino Unido, e da Associação para a Sustentabilidade e Democracia (Alda), da Islândia. O impacto foi notório: em 2023, o país registou um crescimento económico de 5%, apenas atrás de Malta entre as economias europeias avançadas. Este aumento foi significativo, comparando com uma média de quase 2% ao longo da década de 2006 a 2015.
Outro fator de vitalidade económica é a taxa de desemprego, uma das mais baixas da Europa, fixando-se em 3,4% em 2023, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), refletindo a capacidade da Islândia em manter uma economia estável e com baixos índices de desemprego, enquanto proporciona melhores condições aos trabalhadores.

Resultados dos ensaios e adoção a nível nacional
Os primeiros ensaios de uma semana reduzida na Islândia, realizados entre 2015 e 2019, envolveram cerca de 2.500 funcionários do setor público, que passaram a trabalhar entre 35 e 36 horas semanais, sem qualquer redução de remuneração. Estes ensaios, que incluíram mais de 1% da população trabalhadora islandesa, demonstraram que a produtividade se manteve estável ou até aumentou em várias organizações, enquanto o bem-estar dos trabalhadores teve uma melhoria significativa em indicadores como saúde, stress e equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Após os ensaios, os sindicatos islandeses negociaram com sucesso a redução de horas de trabalho para dezenas de milhares de trabalhadores em todo o país. Estes resultados mostram que a adoção de um modelo de trabalho mais flexível não só é possível, como pode traduzir-se em ganhos na produtividade e, ao mesmo tempo, numa economia robusta.

A sustentabilidade da semana de trabalho reduzida no longo prazo
Contudo, mesmo com o sucesso atual, o FMI projeta um abrandamento no crescimento económico da Islândia para os próximos anos, antecipando um ligeiro aumento na taxa de desemprego para cerca de 3,8%. Este abrandamento deve-se a uma possível desaceleração na procura interna e no turismo – setor vital para a economia islandesa. No entanto, a Islândia permanece como um exemplo forte de que uma redução das horas de trabalho, com foco no bem-estar dos colaboradores, não compromete necessariamente o desenvolvimento económico.

O que podem os empresários portugueses aprender com a Islândia?
O caso islandês oferece lições valiosas para o tecido empresarial português:

1. Aumento de Produtividade e Retenção de Talentos: Tal como na Islândia, onde a produtividade se manteve ou aumentou, uma semana de trabalho reduzida poderia incentivar os colaboradores a focarem-se mais em resultados, ajudando as empresas a manter níveis de desempenho elevado, ao mesmo tempo que reduzem o stress e o burnout.

2. Fortalecimento do Bem-Estar e Redução do Absentismo: Uma semana de trabalho mais curta pode significar menos dias de ausência e uma maior satisfação entre os trabalhadores, traduzindo-se em menos custos indiretos associados ao absentismo e uma maior motivação.

3. Posicionamento como Empresa Inovadora: Empresas que adotam práticas de trabalho progressistas destacam-se como inovadoras e preocupadas com o futuro dos colaboradores, o que melhora a sua reputação e capacidade de atrair talentos qualificados.

4. Viabilidade Financeira: O caso islandês demonstra que, com uma implementação bem estruturada, a economia pode beneficiar da semana reduzida sem enfrentar quebras financeiras. Esta medida deve, no entanto, ser acompanhada de uma análise cuidada da sustentabilidade a longo prazo e dos recursos financeiros da empresa.

Está Portugal preparado?
Portugal tem muito a ganhar com o estudo das práticas laborais internacionais e, a adoção de semanas de trabalho mais curtas, poderá revelar-se uma estratégia vantajosa para empresários que desejem elevar a competitividade das suas empresas. O exemplo islandês mostra que, ao priorizar o bem-estar, as empresas podem beneficiar de um efeito positivo, não só nos seus resultados financeiros, mas também na sua imagem e capacidade de reter talentos. Afinal, empresas saudáveis e com colaboradores motivados são o alicerce de uma economia próspera e moderna.

Frederico Almeida
Director Executivo Start PME
30.10.2024

Todos os direitos reservados. Este artigo é protegido por direitos de autor e não pode ser reproduzido, distribuído, transmitido ou utilizado, no todo ou em parte, sem a permissão prévia por escrito de Equações Exaustivas Lda. Todas as marcas registadas, nomes de empresas, logotipos e produtos mencionados são propriedade dos seus respetivos detentores.

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Impactos económicos e sociais da semana reduzida na Islândia
Entre 2020 e 2022, mais de 51% dos trabalhadores na Islândia passaram a ter a opção de trabalhar menos horas, com muitos a adotar uma semana de quatro dias, segundo dados do Instituto Autonomy, no Reino Unido, e da Associação para a Sustentabilidade e Democracia (Alda), da Islândia. O impacto foi notório: em 2023, o país registou um crescimento económico de 5%, apenas atrás de Malta entre as economias europeias avançadas. Este aumento foi significativo, comparando com uma média de quase 2% ao longo da década de 2006 a 2015.
Outro fator de vitalidade económica é a taxa de desemprego, uma das mais baixas da Europa, fixando-se em 3,4% em 2023, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), refletindo a capacidade da Islândia em manter uma economia estável e com baixos índices de desemprego, enquanto proporciona melhores condições aos trabalhadores.

Resultados dos ensaios e adoção a nível nacional
Os primeiros ensaios de uma semana reduzida na Islândia, realizados entre 2015 e 2019, envolveram cerca de 2.500 funcionários do setor público, que passaram a trabalhar entre 35 e 36 horas semanais, sem qualquer redução de remuneração. Estes ensaios, que incluíram mais de 1% da população trabalhadora islandesa, demonstraram que a produtividade se manteve estável ou até aumentou em várias organizações, enquanto o bem-estar dos trabalhadores teve uma melhoria significativa em indicadores como saúde, stress e equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Após os ensaios, os sindicatos islandeses negociaram com sucesso a redução de horas de trabalho para dezenas de milhares de trabalhadores em todo o país. Estes resultados mostram que a adoção de um modelo de trabalho mais flexível não só é possível, como pode traduzir-se em ganhos na produtividade e, ao mesmo tempo, numa economia robusta.

A sustentabilidade da semana de trabalho reduzida no longo prazo
Contudo, mesmo com o sucesso atual, o FMI projeta um abrandamento no crescimento económico da Islândia para os próximos anos, antecipando um ligeiro aumento na taxa de desemprego para cerca de 3,8%. Este abrandamento deve-se a uma possível desaceleração na procura interna e no turismo – setor vital para a economia islandesa. No entanto, a Islândia permanece como um exemplo forte de que uma redução das horas de trabalho, com foco no bem-estar dos colaboradores, não compromete necessariamente o desenvolvimento económico.

O que podem os empresários portugueses aprender com a Islândia?
O caso islandês oferece lições valiosas para o tecido empresarial português:

1. Aumento de Produtividade e Retenção de Talentos: Tal como na Islândia, onde a produtividade se manteve ou aumentou, uma semana de trabalho reduzida poderia incentivar os colaboradores a focarem-se mais em resultados, ajudando as empresas a manter níveis de desempenho elevado, ao mesmo tempo que reduzem o stress e o burnout.

2. Fortalecimento do Bem-Estar e Redução do Absentismo: Uma semana de trabalho mais curta pode significar menos dias de ausência e uma maior satisfação entre os trabalhadores, traduzindo-se em menos custos indiretos associados ao absentismo e uma maior motivação.

3. Posicionamento como Empresa Inovadora: Empresas que adotam práticas de trabalho progressistas destacam-se como inovadoras e preocupadas com o futuro dos colaboradores, o que melhora a sua reputação e capacidade de atrair talentos qualificados.

4. Viabilidade Financeira: O caso islandês demonstra que, com uma implementação bem estruturada, a economia pode beneficiar da semana reduzida sem enfrentar quebras financeiras. Esta medida deve, no entanto, ser acompanhada de uma análise cuidada da sustentabilidade a longo prazo e dos recursos financeiros da empresa.

Está Portugal preparado?
Portugal tem muito a ganhar com o estudo das práticas laborais internacionais e, a adoção de semanas de trabalho mais curtas, poderá revelar-se uma estratégia vantajosa para empresários que desejem elevar a competitividade das suas empresas. O exemplo islandês mostra que, ao priorizar o bem-estar, as empresas podem beneficiar de um efeito positivo, não só nos seus resultados financeiros, mas também na sua imagem e capacidade de reter talentos. Afinal, empresas saudáveis e com colaboradores motivados são o alicerce de uma economia próspera e moderna.

Frederico Almeida
Director Executivo Start PME
30.10.2024

Todos os direitos reservados. Este artigo é protegido por direitos de autor e não pode ser reproduzido, distribuído, transmitido ou utilizado, no todo ou em parte, sem a permissão prévia por escrito de Equações Exaustivas Lda. Todas as marcas registadas, nomes de empresas, logotipos e produtos mencionados são propriedade dos seus respetivos detentores.

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2024-10-30T12:18:19+00:00
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