Empresas preparam planos de contingência face ao aumento da energia

Empresas preparam planos de contingência face ao aumento da energia

No âmbito do Plano de Poupança de Energia 2022-2023, o governo lançou um conjunto de medidas que pretende ajudar as empresas a reduzir os seus consumos de energia e a poupar na fatura da eletricidade. Interrupções de gás natural e electricidade em alguns horários, aposta em parques fotovoltaicos e em edifícios verdes mais sustentáveis, e o regresso ao teletrabalho, são algumas das medidas propostas pelo Governo. Algumas empresas começam agora a preparar os seus planos de contingência, no entanto, o regresso ao teletrabalho a 100% não é uma possibilidade para a maioria das empresas.

O plano foi publicado num documento em Diário da República e abrange tanto o setor público, nomeadamente a Administração Pública, como o privado. O Governo prevê uma redução de 5% face ao período de referência e as medidas imediatas representam uma redução de 3%. “Atendendo ao objetivo voluntário de redução de 15 % do consumo, consegue alcançar -se 19 % desse objetivo com as medidas imediatas e 31 % do objetivo com o total das medidas”, lê-se no documento.

Cortes nos horários da iluminação dos edifícios, redução de consumos de gás natural e recurso a edifícios verdes
Entre as medidas definidas, destacam-se cortes nos horários de iluminação e limites de temperatura nos estabelecimentos, tanto para as Administrações Públicas como para os privados; deve ser desligada a iluminação interior de caráter decorativo de edifícios a partir das 22h00 no período de inverno e a partir das 23h00 no período de verão. E, no exterior, deve ser desligada a partir da meia-noite; os espaços com entrada direta para a rua com sistema de climatização ligado devem manter portas e janelas fechadas; deve-se privilegiar os modelos híbridos de trabalho ou mesmo o teletrabalho, sempre que possível.

Empresas preocupadas com aumento dos consumos de energia
De acordo com uma reportagem publicada na revista Pessoas do jornal Eco - Economia Online, o aumento dos preços da energia está na lista de preocupações das empresas portuguesas como a Vodafone e a Altice Portugal, que começam a desenhar os seus planos de contingência. Eventuais interrupções do gás natural e iluminação, o envolvimento dos colaboradores em ações que visem reduzir o consumo energético e o recurso a modelos híbridos de trabalho são algumas medidas que as empresas estão apostadas a realizar para reduzir a sua fatura energética. “Os custos de energia nas telecomunicações é um dos custos principais da nossa operação. À medida que adicionamos tecnologias na nossa rede, é mais consumos e, por isso, tem um impacto grande nos custos de uma operadora”, refere Luísa Pestana, administradora da Vodafone Portugal com o pelouro dos recursos humanos, infraestruturas, operações de clientes e responsabilidade social.

Retomar teletrabalho a 100% não está nos planos das empresas
O Governo propõe a adoção de práticas de gestão dos recursos humanos e ações de informação no âmbito das poupanças associadas ao consumo energético, bem como das deslocações casa-trabalho-casa. Não sendo obrigatório, o Governo recomenda o teletrabalho a 100% sendo que espera que este possa ser implementado nos próximos três meses. “Promover, na medida do possível, práticas de gestão dos recursos humanos que permitam a redução dos consumos energéticos (por exemplo, avaliando as poupanças energéticas do recurso ao teletrabalho)”, pode ler-se no documento.

No entanto, as empresas não consideram voltar ao teletrabalho. “Essencialmente um custo grande é o dos ares condicionados para a refrigeração dos equipamentos. Esse é o grande bolo, não tanto os escritórios. Se houver uma obrigação de fazer [teletrabalho a 100%] como na época da pandemia mesmo, claro que seguiremos, mas é muito saudável para as equipas uma parte do tempo ser presencial”, defende a administradora da Vodafone, Luisa Pestana.

Altice Portugal aposta na descarbonização e energia verde nos seus edifícios
Também a Altice Portugal, administradora da operadora Meo, que optou por um regime de trabalho híbrido há mais de um ano, não tenciona voltar ao teletrabalho, mas considera a aplicação de outras medidas para redução do consumo energético. “O contexto geoeconómico e geopolítico, em que estamos inseridos, torna necessária uma reflexão urgente e cautelosa. A produção de energia responsável, uma maior autonomia e descarbonização do consumo energético e a escolha de um comercializador que assegure 100% da energia verde nos seus edifícios de norte a sul do país são algumas das medidas que a Altice Portugal tem vindo a implementar ao longo dos últimos anos”, referiu fonte da empresa em declarações ao ECO- Jornal de Economia Online.

Andreia Arenga

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2022-10-25T11:39:35+01:00
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